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Foto do escritorClaudio Marcos

A Esperança deve ser abraçada dentro e fora dos jogos

Claudio Marcos











Quando dizem que a esperança é a última que morre, talvez seja até como forma de ridicularizar, pois é apenas o que resta depois que tudo foi tirado. No entanto, para mim, ela é o que resta porque é com ela que o futuro será escrito, não porque é apenas o que sobrou, mas sim o mais importante. Quando Arthur Morgan se sacrifica pelos seus amigos para que eles vivam vidas dignas, isso com certeza é o nascimento de algo e não a morte de uma última coisa como a esperança; é o nascimento do mundo novo que o jogador ajudou a construir, um mundo que é a recompensa pela redenção e pelo amor que tanto foi plantado.


Kratos, em God of War III, após destruir o mundo e perceber que sua vingança não o levou a lugar nenhum, solta a esperança da caixa de Pandora ao mundo — a esperança para a humanidade se reconstruir e viver novamente. Pois, ao destruí-la, ele não age com bondade, mas apenas tenta consertar o que fez de errado. Talvez a esperança faça isso também, nos ajude a buscar um caminho de acertos mesmo vivendo um passado repleto de erros. Vivemos o agora, e é o agora que nos molda. Esses jogos repletos de esperança nos dão a oportunidade de construir um mundo melhor a partir do agora, com nossas ações presentes.


Em Hollow Knight, a esperança surge como o vazio, o vazio que nosso personagem possui. Por não ter sentimentos ou qualquer coisa do tipo, ele se torna um receptáculo perfeito para absorver a Radiança, a deusa que está fazendo aquele mundo sucumbir e que precisa ser absorvida para parar. A esperança, mesmo na escuridão, mesmo no vazio, é o que sobrevive até mesmo aos piores e mais horríveis acontecimentos, porque ela pode nascer de qualquer lugar quando plantada e regada. Nós, jogadores, somos os jardineiros que a cultivam a cada fase, a cada chefe derrotado, toda vez que morremos e voltamos sem desistir. Mesmo sem perceber, estamos cultivando a esperança em nós mesmos, porque não desistimos, mesmo quando o jogo está difícil. Essa é a premissa.


Essa questão da esperança, mesmo quando implícita, dá vida e as cores mais lindas a um jogo, e isso sempre me encantou. Sempre me encantou saber que existem pessoas escrevendo histórias sobre isso para jogos, pessoas que acreditam na mudança do outro e querem compartilhar essa visão com quem jogar seus jogos. Saber que existem histórias assim e que elas estão por todo o mundo certamente também me enche de esperança. Essa forma implícita de plantar na mente do jogador a sensação de “não desista!” é fruto de um trabalho sensível e belo com a arte, desde jogos como Dark Souls, com diálogos mínimos, mas que se comunicam de outras formas para incentivar o jogador a continuar, até jogos como o God of War de 2018, em que a esperança e a mudança do protagonista e do mundo são intrínsecas ao próprio jogo.


A arte nos salva em muitos momentos e nos dá esperança.

Essas expressões tão bonitas, por meio de uma tela ou papel, são tão reais quanto qualquer outra forma de expressão. Espero que um mundo melhor e com pessoas melhores jamais fique apenas nas telas e nos papéis.




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1 comentário


Bianca Lais
Bianca Lais
24 de set.

Excelente posicionamento. Darwin já afirmou que a arte, como poesia e música, era essencial pra nossa felicidade, intelecto e caráter moral. E isso sem dúvidas se aplica aos jogos e às histórias que temos acesso graças a eles. Minha experiêcia do TLOU parte 2 que o diga 😪

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