A relação entre público e produto midiático tem se tornado cada vez mais íntima. As empresas e produtoras estão reconhecendo a necessidade de estabelecer diálogo com seus espectadores, ouvintes ou leitores. Essa relação mais próxima, envolta em diálogos, críticas, posicionamentos, remakes, etc., tem feito com que as produções busquem cada vez mais se conectar e representar o público que a está consumindo.
Mergulhando nas produções que vêm sendo lançadas nos últimos anos, é perceptível a necessidade dos criadores de se comunicar com o público. O telespectador moderno busca nas obras uma forma de validação de suas identidades e vivências e, entendendo isso, o mercado midiático tem buscado diferentes caminhos para falar com seu público.
Graças aos diferentes acessos concedidos pela tecnologia, juntamente com a nossa realidade globalizada, temos a oportunidade de consumir obras que abordam as mais variadas temáticas, nos apresentam novas narrativas, culturas, costumes e pontos de vista. Embora o mercado midiático ainda sofra uma superlotação e supervalorização de obras estadunidenses, é perceptível que o público tem dado atenção a produções que fujam dessa certa mesmice e buscado cada vez mais apreciar essas outras narrativas.
Essa busca do público tem feito com que os produtores invistam nessas “novidades” para seus variados serviços, alguns exemplos disso são a entrada em peso de produções asiáticas no cinema, nos streamings e nas editoras. Podemos ver que os dramas coreanos vêm conquistando diferentes públicos e ganhando cada vez mais espaço, os animes crescem em público a cada ano, recebendo espaço nos streamings como Netflix e Max e até ganhando streamings próprios como a Crunchyroll, que recentemente tem trazido a estreia de animes simultaneamente já com dublagem. Também podemos ver essa crescente no mercado editorial, com o lançamento em massa não só de mangás e manhwa, mas também de livros e autores asiáticos que trazem muitas de suas vivências, crenças e culturas para suas obras.
Outro exemplo são as recentes parcerias entre as grandes produtoras e produtoras menores no mercado para o lançamento de produções em colaboração, visando trazer outros olhares da forma mais respeitosa e identificável possível. Um exemplo disso é a animação “Iwájú”, feita por uma parceria da Disney com a empresa pan-africana Kugali, assim como a série antologia de ficção científica “Kizazi Moto: Geração Fogo”, que traz criadores africanos de diferentes lugares, trazendo curtas animados em suas perspectivas.
A diversificação na mídia se faz cada vez mais necessária no mundo em que vivemos hoje. É muito enriquecedor consumir obras com narrativas diferentes que trazem temas e questões muito relevantes para serem discutidas e debatidas. Creio que essa movimentação, que claro que visa não só trazer essas obras, mas também lucros, tem trazido bons refrescos para a indústria midiática que vinha passando por um momento de ressaca e falta de inovação.
Hoje temos uma grande rede que conecta todas essas narrativas, e é muito enriquecedor entrar em um catálogo e ter acesso a obras que se passam do outro lado do mundo, com personagens e realidades muito diferentes da nossa, que conseguem ter algo que gera uma identificação e cativa todo o público. Tanto nós como telespectadores, como os produtores, vemos a necessidade de diversificação nas mídias. Essa movimentação é mais grandiosa do que possa parecer inicialmente, e muito da nossa noção de mundo e de se enxergar dentro desse mundo é evidenciada dentro da pluralidade explorada na mídia.
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