O apreço e a busca por livros têm tido um crescimento significativo nos últimos anos. Fatores como a pandemia, o surgimento do TikTok e a popularização das Book Redes têm contribuído para o aumento da comunidade de leitores dia após dia.
Tem se tornado cada vez mais comum encontrar em livrarias sessões dedicadas apenas aos Queridinhos do Booktok, assim como a presença de influenciadores nas redes com conteúdo dedicado à publicidade e à indicações de obras literárias que se tornaram verdadeiros sucessos, furando bolhas e se tornando agentes da cultura pop.
Embora essa popularização dos livros tenha trazido pontos muito positivos, como um maior número de crianças e jovens que se tornaram verdadeiros apaixonados por literatura, e uma grande movimentação de mercado que trouxe de volta grandes eventos como a Bienal, assim como descoberta de novos autores, a busca pela valorização da literatura nacional, novas editoras, etc., alguns indicativos mostram que os livros têm se tornado cada vez mais semelhantes, comerciais e massificados, perdendo assim parte do brilho que a literatura carrega ao nos teletransportar para outros mundos.
Antes de prosseguirmos com essa discussão, é importante entendermos o que é massificação e seus efeitos. Particularmente acredito que:
A massificação ocorre quando determinado objeto começa a ser padronizado com base no que agrada a um maior número de indivíduos, gerando uma produção em massa com um único gosto.
Quando aplicamos este conceito ao meio literário, podemos observar as mesmas indicações de livros de determinado gênero, como romance, fantasia, sci-fi, suspense, etc. Muito se fala sobre as recomendações serem sempre "os mesmos cinco livros", que na maioria das vezes a pessoa que busca em seu canal de confiança já leu.
Outro exemplo relacionado ao apelo comercial dos livros são os lançamentos de obras que parecem exatamente iguais, com os mesmos enredos, personagens muito semelhantes, capas que seguem um mesmo padrão, enredos e até os plot twists, que ajudam a manter o interesse dos leitores, acabam se tornando repetitivos e previsíveis.
Fatores como os apresentados acima têm criado uma movimentação dentro da comunidade literária visando um olhar mais crítico sobre o que estamos consumindo e o que estamos buscando dentro dos livros. Uma das principais formas de combater esse movimento de massificação é cobrando das editoras a publicação de vozes diversas que buscam contar histórias de diferentes pontos de vista. Movimentos como a literatura dos povos originários, o Afrofuturismo e a recente onda de publicações de obras asiáticas são exemplos de como combater essa repetição dentro do mercado literário.
Outra forma de conhecer histórias novas é buscar autores e editoras independentes. Muitos materiais bem escritos, com bons enredos e edições caprichadas, têm sido lançados por meios não convencionais, como o lançamento direto em ebook na Amazon, o uso de plataformas de publicação gratuita e a parceria de novos autores com pequenas editoras que buscam levar a literatura de forma acessível a cada vez mais pessoas.
Nessa lógica, você pode conhecer o trabalho da Editora Aurora, um selo independente dentro do Grupo Editorial Luminar, que também abraça a Revista Especular.
Como leitor, tenho buscado cada vez mais sair da minha zona de conforto, lendo livros que não necessariamente são dos gêneros que costumo ler, mas sempre na busca por autores de diferentes partes do mundo, que trazem suas particularidades, cultura e estilos para suas obras. Procuro, também, participar de pequenos e grandes eventos para conversar com autores que sempre apresentam suas obras de forma calorosa, além de cobrar grandes editoras para que deem espaço a novos pontos de vista e diversifiquem seus catálogos.
É muito importante que nademos contra a onda de massificação da literatura. Existem uma infinidade de grandes histórias e mundos mágicos para serem explorados. Nosso trabalho é apenas ter a curiosidade de buscar essas histórias e não ter medo de aproveitar um livro que talvez ninguém esteja falando sobre.
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