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Emily Brontë tornou-se uma grande influenciadora das mulheres do século XIX

Thainá Christine














Retrato de Emily Brontë, importante escritora e poetisa britânica, autora do romance Wuthering Heights, hoje considerado um clássico da literatura mundial.
Retrato de Emily Brontë, importante escritora e poetisa britânica, autora do romance "Morro dos Ventos Uivantes", hoje considerado um clássico da literatura mundial.

Durante o século XIX, o ato de ler e escrever não eram considerados deveres de uma mulher, pois acreditava-se que tais práticas se restringiam apenas à figura masculina. Contrário à isso, Patrick Brontë incentivou o filho, Branwell Brontë, e incluiu as três filhas, Emily, Charlotte e Anne, na aventura dos livros e na escrita de suas próprias histórias.


Embora hoje Emily Brontë esteja nos cânones ingleses por sua produção literária, para a opinião pública daquela época era condenável a postura da mulher ao escrever poesia. Por isso, o trabalho intelectual feminino era tido como um gênero inferiorizado.


Com o intuito de publicar suas poesias cercadas de versos intensos e cheios de força, foi preciso que Emily Brontë utilizasse, pela primeira vez, o pseudônimo masculino Ellis Bell.


Em 1847, a autora publicou O Morro Dos Ventos Uivantes e usou, novamente, o mesmo pseudônimo. Reconhecendo o nível do preconceito feminino sofrido ao se arriscarem na área literária, essa prática foi acatada pelas três irmãs Brontë.


Com isso, Emily Brontë revolucionou a literatura e serviu de inspiração para outras mulheres. É visível a importância obtida pelas irmãs Brontë ao incentivarem outras escritoras do século XIX e transformarem a vida dessas mulheres, principalmente por serem autoras pioneiras em certas inovações narrativas: Emily Brontë por introduzir na ficção inglesa o uso de múltiplos narradores, além de um protagonista cigano em O Morro Dos Ventos Uivantes; e Charlotte Brontë ao revolucionar a representação da identidade feminina e masculina, bem como seus papéis, com Jane Eyre.


Através de seu romance, Emily chocou o público, não apenas ao trazer uma escrita que não era considerada os padrões femininos da época, como também pelo linguajar chulo e o uso do gótico, novo gênero literário. Assim, transformando o romance em algo menos sentimentalista e mais profundo.


Considerada atualmente uma obra-prima, as primeiras críticas obtidas por O Morro dos Ventos Uivantes, ainda conhecida por ser escrita por Ellis Bell, diziam que o romance era excepcional, porém, sem saber interpretá-lo mais profundamente.


Entretanto, quando a sua identidade foi revelada, as críticas passaram a ir de encontro ao gênero da escritora, e não mais a sua escrita. Por mais que as críticas à primeira edição considerassem a originalidade da obra, em sua republicação a crítica deu destaque apenas a sua autoria feminina, considerando mais o gênero de quem a escreveu do que a sua qualidade literária.


A sociedade desqualificava a mulher escritora. A supremacia masculina era perceptível até na construção de personagens femininas, pois afirmavam que, sendo ainda ignorantes nesse campo, as mulheres eram incapazes intelectualmente de executar bem esse papel. A própria Virginia Woolf, em Um Teto Todo Seu, ironiza esse pensamento quando diz que:


“Assim, surge um ser muito complexo e esquisito. É de se imaginar que ela seja da maior importância; na prática, ela é completamente insignificante. Ela permeia a poesia de capa a capa; está sempre presente na história. Domina a vida de reis e conquistadores na ficção; na vida real, era a escrava de qualquer garoto cujos pais lhe enfiassem um anel no dedo. Algumas das palavras mais inspiradas, alguns dos pensamentos mais profundos da literatura vieram de seus lábios; na vida real, ela pouco conseguia ler, mal conseguia soletrar e era propriedade do marido.”.

Naquela época, era raro encontrar uma autora em que pudesse inspirar-se e tomá-la como mestre, então, quando isso aconteceu, por intermédio das irmãs Brontë, houve uma nova perspectiva de mundo e fantasia.


Conhecendo os novos modelos, veio junto a coragem, sendo a ficção o caminho certo para tal revolução. A partir disso, as mulheres, principalmente as pioneiras do século XIX, começaram a usar da Literatura uma maneira de questionar e de desafiar a apropriação masculina de suas vivências.

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