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Foto do escritorClaudio Marcos

Atom e Astroboy: o coração de criança

Claudio Marcos












O entendimento de humanidade está atrelado a tantas coisas que jamais caberiam em um texto como este, mas podemos atribuí-lo a necessidades, não acha? Como comer, beber água, ir ao banheiro, etc. Pensamos nisso, mas não é algo que se firma na mente, pois é apenas o básico; é apenas o que ocorre, ocorre e não passa disso.


Já em Pluto, com o personagem Atom no episódio 2, isso é diferente. Atom é um dos sete robôs mais avançados daquele universo, possuindo a aparência de uma criança, mas isso se restringe apenas à aparência, já que sua inteligência artificial é uma das mais avançadas do mundo.


Atom protagonista do anime Pluto

Neste episódio, Atom tem acesso às memórias do protagonista Gesicht. Ele acessa todas as memórias e chora ao vê-las, parecendo entender e compreender a dor de muitas coisas que aquele outro robô viu e viveu.


Atom começa o episódio comendo um doce e aparentando estar tão feliz. Quando é questionado sobre o porquê de estar tão feliz, já que, por ser um robô, ele não come de verdade e apenas finge, pois aquela comida não faz diferença quando é ingerida ou não, Atom responde que seu coração diz que aquilo é o certo. Ele diz que, quanto mais finge, mais sente que entende aquele sentimento de satisfação. Essas coisas são tão básicas, mas são o que compõem sentir e ser humano: ser alguém, alguém com sentimentos, histórias, vivências, traumas e alegrias.


Atom finge sentir a alegria do doce, pois, quanto mais finge, talvez um dia não precise fingir mais, e não há nada de errado nisso. Por mais que finja, no fim, é apenas sua tentativa de ser algo bom: alguém com um coração.

Quando Atom chora ao ver as memórias de Gesicht, interpreto que talvez ele também finja chorar, pois gostaria de ser assim, de ser sensível dessa forma com as memórias de alguém. Ele gostaria de sentir essa empatia, pois, para ele, tanto comer um doce e sentir alegria, tal como uma criança, é tão importante quanto ter empatia pelo próximo, mesmo que o próximo seja um robô.


Talvez Atom também não esteja fingindo; talvez ele finja em tantas outras esferas de sua vida de robô que, no fim, quando envolvem sentimentos profundos, ele não finge: ele apenas é humano, ele apenas tem coração. Sua aparência infantil remete a isso, à pureza, aos sentimentos ingênuos e à bondade. Não à toa, Atom é inspirado em Astro Boy, tanto em sua aparência quanto na conexão que Pluto possui com a famosa série de mangás do menino Astro.


O mangá Astro Boy, criado por Osamu Tezuka, é um dos pilares dos mangás e suas estruturas, tão utilizadas hoje em dia, desde shounen a seinen. O impacto do mangá na cultura pop é quase metalinguístico em relação ao impacto do próprio protagonista Astro Boy naquele mundo criado pelo gênio Tezuka, que inspirou a criação de Pluto e de Atom, sendo Pluto um mangá de Naoki Urasawa que modernizou o Astro Boy para os dias de hoje.


Astro Boy é um herói benevolente, cuja humanidade e preocupação perpassam qualquer estrutura criada por aquele universo tão mecânico e robótico. O heroísmo e sua humanidade mesclam-se quase como um simbionte de características humanas e ideais que os humanos almejam, como empatia e misericórdia, que só um herói com coração de criança poderia ter.


Essa definição vale tanto para Atom quanto para Astro, pois talvez o melhor herói existente deva ter o olhar puro de uma criança ao contemplar o mundo, desde comer um doce e se sentir realizado até se preocupar com alguém que sofreu tanto em seu passado.

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