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Foto do escritorThainá Christine

Escritas femininas que acolhem

Thainá Christine é professora, revisora e escritora. Escreve histórias de terror com protagonismo feminino e é apaixonada pelos clássicos do gênero.











Sempre há aquele livro que nos faz sentir em casa. A escrita é acolhedora, as personagens são fáceis de se identificar e a narração nos puxa para um novo mundo de onde não queremos mais sair.


Sinto muito isso com livros escritos por mulheres, em seus mais variados gêneros e propostas. Só de estar ali, com contato direto a algo que outra mulher escreveu, já me sinto abraçada, representada e bem-quista.


É nesse ponto que a representatividade entra como algo de extrema importância, pois eu consumo muito a Literatura, logo quero me ver naquele lugar, quero sentir que parte de mim também está sendo exposta, vista e chamando atenção. Por consequência, também quero que os outros – independentemente do gênero – sintam isso e leiam todas essas mulheres que a Literatura Nacional e o mundo afora trazem até nós.


Pensando nisso, nessas leituras que nos abraçam e nos fazem se sentir ouvidas, separei 5 obras para o seu final de semana ter aquele gostinho de acolhimento.


  • Até os Ossos, da autora Camille DeAngelis, não é um livro sobre canibalismo, mesmo que o tema seja o plot principal da trama. Esse artifício é utilizado para explorar as relações humanas entre os personagens e sobre ser diferente. Maren, nossa protagonista, é uma adolescente com uma grande jornada pela frente, mostrando sua relação com as pessoas que vai conhecendo ao longo do caminho e sua autodescoberta. A narrativa tem cenas que pretendem chocar, mas, mesmo assim, não deixa de ser bela pela mensagem em si, afinal Maren é uma garota que busca por sua liberdade e felicidade, encontrando ambas na própria companhia.

  • Tudo que você não soube, da nossa querida Fernanda Young, é um livro meio controverso que me conquistou logo nas suas últimas páginas. Desde o início, sabemos que a nossa protagonista fez algo terrível: assassinou a mãe. Porém, será ao longo da narrativa que iremos descobrir os motivos e a motivação para isso. Por mais que seja um ato devastador e chocante aos nossos olhos, impensável de se realizar, a vida da protagonista trará muitas semelhanças com a nossa própria juventude, pois, mesmo que sejamos todas plurais e com vivências diversas, a Fernanda consegue colocar um pouco de cada uma de nós em sua protagonista sem nome.

  • Quintal Fantástico, da paraibana Jadna Alana, é o meu queridinho desse ano. Com contos que são releituras do nosso folclore, temos contato com aquelas lendas famosas que tanto escutamos na escola quando éramos pequenos. Personagens como o Saci, o Curupira, a Iara e outros mais, se mostram em uma nova roupagem, sem perder a sua essência e beleza. Eu li cada conto de forma única, mas era como se uma pessoa mais velha estivesse me contando aquelas histórias numa tarde bem ensolarada e na companhia de um café e um bolo. Eu me senti abraçada por cada linha, tocada e encantada por cada narrativa. Um livro que mostra o quanto o nosso folclore é vivo e rico.

  • Amor de Viagem, da catarinense Amanda Branco, foi aquele tipo de leitura que me abraçou quando eu mais precisei. Helena é uma protagonista carismática, engraçada e gente como a gente. Ela é desastrada e persistente, mas há muito não acredita mais em mágica e nem em sonhos. Sua vida está estagnada e nada parece dar certo. Não até encontrar um caderninho mágico que irá lhe levar para conhecer vários lugares ao redor do mundo. Com isso, nós acompanhamos uma jornada enriquecedora de Helena e também nos deixamos ser influenciadas por essa nova visão do futuro, cheia de esperança e de sonhos, e com uma vontade incontrolável de acreditarmos que podemos tudo.

  • Um cantinho todo meu: Mulheres, pets e solidão, uma antologia composta por várias autoras, é um grande e apertado abraço bem quentinho. Digo até que é daqueles livros para se manter na cabeceira, ao lado da cama, para ser lido aos poucos antes de dormir. Mesmo sendo curto, ele é grandioso no que se propõe, pois são 17 contos protagonizados por mulheres e que têm como objetivo conversar com a leitora, entrar em seu âmago e acolhê-la da forma mais profunda que der. É uma leitura que transmite paz, que nos toca em sua sinceridade e intensidade, e que mostra como todas nós precisamos de um cantinho todo nosso.


O poder da Literatura é algo grandioso e imensurável, mas nos sentir acolhidas não é algo comum. Ainda falta muito para que possamos ganhar espaço entre os livros meramente masculinos, escritos e feitos para homens.


Por isso, cada vez que conheço uma autora nova sei que minha vida não será mais a mesma, pois é um momento que sinto ter um novo contato comigo mesma, uma nova visão de mim. E acreditem, isso acontece nos livros mais variados possíveis, a única necessidade que sinto – e que é suprida – é o toque feminino nas ações e nas vivências, gerando assim um compartilhamento de segredos entre mim e as personagens.


Espero que cada um desses cinco livros faça com que você também se sinta abraçada e que mostre que as autoras estão por aí, escrevendo sobre nós.

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