Apesar do gênero terror ter ecos em textos desde a antiguidade, entendemos a consolidação do gênero com o surgimento dos romances góticos a partir do século XVIII, sendo O castelo de Otranto (1764) de Horace Walpole um dos primeiros que para a crítica, inicia uma nova forma de narrar que mistura os conflitos emocionais a elementos sobrenaturais.
Desde então, o gênero vem evoluindo e se ramificando em várias vertentes, tais como obras que abordam a psique humana como é o caso de Frankenstein de Mary Shelley (1818); os medos psicológicos profundos desenvolvidos por Edgar Allan Poe em seus contos como Berenice (1835) ou até o horror cósmico de H. P. Lovecraft já no século XX.
E dentre várias obras que abordam os medos mais profundos do ser humano, que fazem nossos corações acelerarem de tensão e os estômagos revirarem com cenas grotescas, separei três obras para vocês que curtem o gênero ou para os que querem começar, já aproveitando para fazer o esquenta para o mês de outubro que é o mês do terror.
Abraçando o clichê, a primeira recomendação é do autor considerado por muitos o mestre do terror, Stephen King.
Em O cemitério (1983) acompanhamos a história do jovem médico Louis Creed que fica sabendo de um cemitério onde tudo que você enterra volta a vida, mas não do mesmo jeito. O que aconteceria se uma pessoa fosse enterrada naquela terra maligna? É um livro de 424 páginas com cenas marcantes de horror e você jamais esquecerá a última cena desse livro. A obra fez tanto sucesso que já conta com duas adaptações, uma de 1989 dirigida por Mary Lambert e outra de 2019 por Kevin Kölsch e Dennis Widmyer.
Leiam.
Agora, deixando de lado os países estrangeiros, vamos nos centrar numa obra essencialmente brasileira de Marcos DeBrito.
Em Escravo de capela (2017) acompanhamos o cotidiano de uma fazenda escravocrata e a reconstrução dos mitos folclóricos do Saci e da Mula Sem Cabeça de uma forma assustadora e inovadora. O terror e o horror se produzem não só pelo sobrenatural, talvez o sobrenatural seja o menos assustador, o que horroriza são as pessoas, o comportamento de uma época. Um livro cruel e direto, com diálogos ágeis que nos permitem captar as críticas às raízes racistas que perduram até hoje em nossa sociedade.
Por fim, deixando os homens e o sobrenatural de lado, queria recomendar um livro de 104 páginas que vai desgraçar sua cabeça.
Em Mãos Secas com apenas duas folhas (2018) Paula Febbe conta a história de um velhinho que aparenta ser inocente e indefeso até que você conhece seus pensamentos e sua história. Em poucas páginas e sem usar floreios a autora nos imerge em um fluxo de pensamentos que revira o estômago e provoca no leitor o mais genuíno asco a um personagem fictício. Uma leitura forte, e um terror real que machuca e destrói. Impossível não ser afetado de alguma forma por essa leitura.
A lista de livros de terror é extensa. O terror e o medo são particulares de cada pessoa. Ficam aqui essas três recomendações bastante distintas e mais importante fica o convite para você recomendar aqui nos comentários um livro de terror que te marcou para eu e outras pessoas conhecerem e já colocarmos na lista para o mês de outubro!
Matheus, texto ficou incrível e adorei as indicações nacionais! Já estão na lista, principalmente Escravo de Capela, pois adoro mitologia nacional!