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A PerifaCon aterrisou novamente!

Stella D'Avansso











Se você é como eu e sempre precisa se deslocar até os centros para participar de convenções de cultura nerd e sci-fi com preços inacessíveis, seus problemas acabaram!


A Perifacon retornou para mais um ano de convenção e eu irei te contar tudo o que um fã de ficção centífica e cultura nerd precisa saber sobre a "Comic Con" das favelas!


A conveção

Em 2018, Andreza Delgado, Igor Nogueira, Mateus Ramos, Matheus Polito, Luíze Tavares, Gabrielly Oliveira e Pedro Okuyama decidiram começar uma ação para levar uma convenção nerd tão influente quanto a Comic Con gratuitamente para regiões periféricas. Depois de meses de trabalho, a primeira edição aconteceu em 24 de março de 2019, na Fábrica de Cultura (espaço cultural gratuito) do Capão Redondo em São Paulo. Estimando apenas 2 mil visitantes, os organizadores receberam 7 mil pessoas no evento e a cada ano a PerifaCon cresce cada vez mais.


Em 2024, a convenção aconteceu na Fábrica de Cultura de Diadema (minha Diadema), uma cidade periférica, próxima da zona sul de São Paulo, que já passou por muitas transformações e crises e hoje é conhecida na região por sua rica produção artística. Para mim, uma escritora de sci-fi deste território, frequentadora de convenções nerd desde a infância e que tem orgulho de ter trabalhado em um dos únicos pontos de venda de livros, quadrinhos e mangás da cidade, é muito significante receber a PerifaCon e poder estar contando pra vocês sobre isso.


Mas vamos ao que interessa...


Atrações

Não faltaram atrações! A Perifacon lotou a Fábrica de Cultura de Diadema por dois dias e não foi à toa. Os patrocinadores Mercado Livre e Transpetro promoveram jogos e atividades educativos, tendo como tema a educação socioambiental e a apresentação da plataforma de cursos para jovens "Beta Hub".


No primeiro andar do evento, tivemos diversas salas com jogos digitais, de tabuleiro, RPG de mesa, bate-papo com influencers e lojinha oficial.


Enquanto isso, o palco externo Vivo Easy estava pegando fogo com presenças ilustres, como o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, a banda mineira Black Pantera e o rapper niLL, que mistura a estética geek em seus beats! Além disso, tivemos quizzes de cultura pop e concursos de desenho.


Imagem do evento Perifacon
Imagem do evento por Stella D'Avansso

Arte Cosplay

Os cosplays, tradição nas convenções nerd, estavam muito presentes no evento. A PerifaCon contou com vestiários para os cosplayers e concurso para avaliar as caracterizações. A arte de cosplay é famosa hoje em dia e gera debates quanto às possibilidades de representação dos personagens por pessoas de diferentes etnias e acessos.


Nesse sentido, desde o grande portal de entrada está presente o discurso de que pessoas de diferentes narrativas podem identificar a si mesmas e ressignificar seus personagens favoritos. Ganhamos pôsteres de super-heróis como a Mulher Maravilha, representada aqui como uma mulher negra.


Talita Miranda (cosplayer), caracterizada como o personagem Hobie Brown do universo de Homem-Aranha, relata:


Eu acompanho eventos de anime desde muito cedo, mas nunca me vi em personagens, por conta da falta de representatividade preta dentro do cosplay. Ano passado, fui na PerifaCon, vi muita representatividade e pensei que precisava fazer o cosplay!

Além disso, a convenção nos ensina que cosplay não precisa ser uma atividade exclusiva à elite. Edu do Martelo Geek, faz itens para cosplay com materiais que vão desde impressora 3d a E.V.A e palito de sorvete. A equipe do canal estava presente em uma das salas de atividade da PerifaCon apresentando seu acervo ao público e métodos baratos de confecção de roupas e itens tridimensionais.


PerifaCon nas Escolas

São apenas dois dias de evento, mas a PerifaCon não para por aí! O projeto PerifaCon nas Escolas leva artistas e facilitadores às escolas, com o intuito de mediar a educação artística de crianças e adolescentes. Através de diversas ações e eventos, artistas periféricos relacionam as realidades do país com a cultura nerd.


Imagem por Portal PerifaCon
Imagem por Portal PerifaCon

Painéis no Teatro Transpetro

Durante o sábado e domingo o teatro recebeu painéis o dia todo para discutir a cultura pop, política, ficção científica, quadrinhos e muito mais!

O painel "Deadpool & Wolverine" recebeu o dublador e diretor de dublagem Sérgio Cantu, além de apresentar uma breve entrevista oficial PerifaCon com Ryan Reynolds, Hugh Jackman, Emma Corrin e Shawn Levy.


Sérgio Cantu trabalha com a dublagem das produções da Marvel há anos e contou sobre o processo de dublagem e como a equipe lida com inevitáveis trocas de dubladores e adaptações, como o caso de Luiz Feier Motta tomando o lugar do falecido Isaac Bardavid para a dublagem de Wolverine no novo filme. Cantu explica:


O Luiz Feier nunca tinha dublado o Wolverine Live Action, mas ele já tinha dublado o Hugh Jackman no Van Helsing. Ele tinha feito Wolverine em X-Men Evolution. Então, eu pensei a gente pode tentar fazer uma nova familiaridade pro público.

Ao final do painel, todas as pessoas presentes ganharam ingressos para assistir o filme nos cinemas no dia 04 de Agosto, com pipoca e bebida inclusas.


Imagem do evento Perifacon
Imagem do evento, por Stella D'Avansso

Perifacon Emprega

Um dos tantos projetos assinados pela Perifacon é o PerifaCon Emprega. Através de um mapeamento de talentos para o setor cultural via formulário online (acesse aqui), profissionais periféricos cadastrados como pessoas físicas e jurídicas têm a chance de acessar novas oportunidades de emprego em suas áreas de atuação e fazer novas conexões de trabalho.


Durante o evento, contamos com diversas oficinas para quadrinistas, desenvolvedores de jogos e ilustradores, além de plantões para análises de portfólio do público profissional da feira. Tudo isso gratuitamente, vale lembrar!


Imagem do evento Perifacon
imagens do evento por Portal PerifaCon

Favoritos da coluna de Sci-fi

Tive a oportunidade de conversar com diversos artistas e expositores da feira que trabalham com a estética de Ficção Científica. O afrofuturismo era, inevitavelmente, o que mais se via entre livros e quadrinhos expostos, mas caso o leitor não esteja familiarizado com o conceito, o expositor Ras explica através do livro "Afrofuturismo: O Mundo da Ficção Científica Preta e a Cultura da Fantasia" de Ytasha L. Womack (Editora Ananse):


O Afrofuturismo pra gente, assim como ela menciona no livro também é uma intersecção entre as possibilidades de pensar futuro, presente, junto à ancestralidade africana e a imginação. Então, o maior poder do afrofuturista é a imaginação.

Sobre o livro, parada obrigatória para todos os fãs de sci-fi, ele ainda acrescenta:


Esse livro marca a possibilidade da gente utilizar o nosso maior poder que a Ytasha menciona, que é a imaginação. Ele surge desse incômodo da gente estudar ficção científica, ver os filmes e séries , em que não há a presença de pessoas pretas no futuro. Como é possível pensar no amanhã, na possibilidade de viagens espaciais sem a presença da população preta?

Em seguida, circulando pela feira me deparei com um grande exemplo de afrofuturismo de um autor nacional, o "Ogún" de Régis Rocha (afrodinamic). Uma obra afrofuturista, que se passa no ano de 4487 do calendário Kemético. A história se passa em África, onde um morador exemplar da cidade faz uma descoberta terrível e precisa alertar o conselho de sábios, o que não será tarefa fácil. Ao longo da HQ é possível acompanhar o crescimento dos personagens, porque Ogún cobre um longo período de tempo. "Ogún" é uma palavra em iorubá que significa herança e legado. A obra foi financiada pelo PROAC, que, nas palavras de Régis:


PROAC é um programa da secretaria de cultura, que lança diversos editais em diferentes áreas. No caso, eu fui contemplado pelo PROAC de quadrinhos do ano de 2022. Você ganha uma verba do governo do estado e tem o prazo de um ano pra produzir a obra. O objetivo é fomentar a cultura, uma forma de financiar os artistas.

Por fim, eu atraquei no estande da editora Mistifório e conversei com Alexandre Esquitini e Andre Saiadin. A Mistifório é uma editora independente, fundada pelo Alexandre com objetivo de fortalecer a cena independente de quadrinho no Brasil. Andre Saiadin faz parte dessa história, com sua icônica entrevista em quadrinhos com o rapper Nortragamus. O quadrinho foi publicado parcialmente por financiamento coletivo (catarse), com muita dificuldade, segundo o Andre e depois teve o apoio da editora Mistifório. A cada página mergulhamos mais no universo de Andre e os novos significados que ele traz ao personagem Nortragamus, através de sua arte, o artista explica:


Tudo começou porque eu sou ouvinte de rap e eu tenho projetos voltados ao jornalismo, que pesquisa rap, divulga rap, cultura HipHop (@raptvbr) e em algum momento eu me deparei com o som do Nortra, que é um personagem que faz música. Achei aquilo incrível e queria saber mais sobre o personagem. Tentei falar com eles, depois de um tempinho consegui, a gente conversou e eu fiz todas as perguntas que estão ali.

Sobre o processo criativo da HQ, que é uma entrevista, tive a curiosidade de entender quais os limites entre o artista e o entrevistador. Sobre isso, Andre esclarece:


O Nortra já existia há muito tempo, já tinha uma história, já tinha seus porquês. Eu só fui lá investigar. Essa foi a primeira entrevista que ele deu na carreira dele. É tudo criação dos responsáveis pelo projeto, eu só colhi as respostas e roterizei. Aí tem uma piadinha ou outra que a gente sugere, mas em geral todos os nortes do personagem já estavam estabelecidos.

A editora Mistifório está no momento com uma campanha ativa no catarse para a produção do quadrinho Mila e Milio (acesse aqui para apoiar).


Você pode conhecer mais sobre outros projetos e edições da PerifaCon pelo site oficial do evento (clique aqui) e redes sociais @perifacon.






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