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Foto do escritorNathália Bonfim

O fantástico e o épico em "Avatar: a Lenda de Aang"

Nathália Bonfim, colunista da Revista Especular










“Água, terra, fogo e ar… Há muito tempo, as quatro nações viviam em paz e harmonia, mas tudo isso mudou quando a nação do fogo atacou. Só o avatar domina os quatro elementos, mas quando o mundo precisa mais dele, ele desaparece. 100 anos se passaram, e eu e meu irmão encontramos um novo Avatar, um jovem dobrador de ar! Embora a sua dobra de ar seja ótima, ele terá que aprender os outros 3 elementos antes de dizer: ‘eu sou Aang’. Mas eu acredito... que o Aang possa salvar o mundo!” - Katara, na abertura de Avatar.

É com essa introdução que se inicia “Avatar: a Lenda de Aang”, o famoso desenho da Nickelodeon, pela primeira vez exibido em 2005. Os criadores, Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko nos apresentam logo de cara Sokka e Katara: dois irmãos da Tribo da Água do Norte em busca de peixes para alimentar a tribo. Entretanto, eles se deparam com um menino e um bisão voador congelados em um iceberg, sem imaginar que a figura pequena e franzina seria o maior herói daquele mundo: o Avatar, uma pessoa com a habilidade única de conseguir manipular os quatro elementos.


Aang é apenas um garoto quando recebe a notícia de que ele é a pessoa responsável por manter a harmonia e o equilíbrio no  mundo, enquanto os exércitos imperialistas da Nação do Fogo atacam as demais nações, anexando territórios e espalhando terror. Ao se deparar com essa pesada realidade, ele se congela no meio do oceano junto ao seu bisão voador, Appa. 


Como dito antes, Aang é apenas uma criança de 12 anos, assim como os irmãos Katara e Sokka. Posteriormente outra personagem, Toph, que também é uma criança, é adicionada ao grupo principal da história. Todos os heróis em Avatar são crianças!


Agora, pare comigo para pensar: um grupo de 4 crianças consegue, quase que sozinho, enfrentar uma nação imperialista detentora de tecnologia, armamentos e poder, restaurando a paz e o equilíbrio no mundo... Pode parecer algo forçado e besta para quem nunca assistiu a obra e está lendo isso agora, mas uma das melhores coisas que Avatar faz é costurar as amarras ao longo do desenho: mostrar todo o processo de aprendizagem do Aang com os demais elementos; o desenvolvimento das demais personagens, as provações, os altos e baixos que nosso time Avatar precisa passar até nos conduzirem para o final épico de triunfo sobre a Nação do Fogo.


E falando sobre dobras, vamos falar um pouco mais sobre elas, talvez o principal elemento fantástico dentro da obra. A dobra é a arte de controlar um elemento, e essa habilidade é um elemento crucial para o mundo de Avatar, pois ela é utilizada tanto cotidianamente, para tarefas simples, quanto a nível militar, podendo ser utilizada como ferramenta de opressão e obtenção de poder. 


Arte feita por fã (Jeffrey-Scott, 2009) de um pergaminho da dobra de Ar, com e sem bastão


Existem cinco tipos de dobra: quatro manipulam elementos físicos, enquanto o quinto tipo refere-se à manipulação de energia. As técnicas de dobra elemental são ligadas a elementos naturais: água, terra, fogo e ar, cada uma com referências estéticas e de movimentos vindos de estilos de artes marciais. Por exemplo, os movimentos dos dobradores de terra são inspirados no estilo Hung Gar, do Kung Fu; Já os movimentos de água, no Tai Chi Chuan.


Já a dobra de energia diz respeito à manipulação de energia interna de alguém, com controle total sobre suas capacidades. Isto inclui a capacidade de remover as habilidades de dobra de outras pessoas. No entanto, é necessário ter um espírito forte para realizá-la, pois, caso contrário, o próprio espírito do dobrador será corrompido e absorvido pela energia do outro, levando à destruição. Sendo assim, não é qualquer pessoa que consegue aprendê-la, ao contrário das dobras elementais que estão ligadas a fatores genéticos e geográficos; uma pessoa nascida no Reino da Terra, se possuir a capacidade de aprender a dobra, aprende da terra... se nascer na Nação do Fogo, o respectivo elemento, e assim por diante.


Por este motivo o Avatar é uma figura tão importante neste mundo; a capacidade dele de dobrar os quatro elementos e, talvez, a dobra de energia o torna uma peça-chave para resolução de conflitos e manutenção da paz. Um herói, em outras palavras.


A última tartaruga-leão restante deu conselhos a Aang pouco antes da chegada do cometa de Sozin em 100 DG.

Outro elemento fantástico em Avatar são os animais, que desempenham um papel fundamental na construção da mitologia do mundo. Ao longo da história nos é revelado que os primeiros dobradores de elementos foram animais: as Carpas, que representam os espíritos da Lua (Tui e La) são ligadas ao elemento água; as Toupeiras-Texugo ensinaram os humanos a dobrarem a terra; os Dragões, o fogo; e os Bisões-Voadores, a dobra de ar.

Além disso, a maior parte (senão todos) os animais do universo Avatar são híbridos, o que torna a compreensão do mundo mais peculiar. Temos os pato-tartarugas, cavalos-avestruzes, pinguins-foca, ursos-cachorro e mais uma infinidade de combinações incríveis que o desenho nos apresenta!


Em resumo, Avatar é uma obra completa em entrega de construção de mundo, personagens cativantes e uma história rica em elementos fantásticos que nos fazem apegar e apreciar cada detalhezinho que nos é apresentado ao longo da trama, desembocando em um conjunto épico de crianças-heroínas.

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