A coluna apresenta os finalistas da Odisseia de Literatura Fantástica 2025, destacando autores e obras das categorias de ficção científica, fantasia, horror e quadrinhos. Um panorama essencial do principal prêmio da literatura insólita no Brasil.

Em 1516, Thomas More nomeou o “lugar que não existe”. Séculos depois, Ursula Le Guin o reinventou em "Omelas", onde a felicidade de todos depende do sofrimento de uma única criança. A utopia revela então seu espelho sombrio: o preço da perfeição. Quantas crianças mantêm nosso mundo brilhando? E, diante disso, o que faríamos — ficar em Omelas ou partir para o lugar que não pode ser descrito?

O sonho, em O Senhor dos Anéis, não é mero devaneio — é a voz do destino sussurrando entre as ruínas. Quando Boromir adormece sob o peso da derrota, a visão que o visita é mais que consolo: é convocação. Tolkien faz do sonho uma linguagem entre o humano e o mítico, um clarão de sentido nas trevas da incerteza. Sonhar, aqui, é lembrar que mesmo o desespero pode conter o germe da esperança.